SARTRE VIDA E OBRA



Por : Jair Soares
 Aluno do curso de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará - UECE.
Trabalho para a disciplina de Metodologia do Trabalho Científico.
Professora: Ms(a). Eliana Paiva



JEAN-PAUL SARTE

    Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em París, no dia 21 de junho de 1905. Filho único de Jean-Batiste Sarte, oficial da marinha francesa e Anne-Marie Schaweitzer. Sua mãe era de origem Alsaciana, Órfão de pai com menos de 2 anos de idade, passou a morar com o avô materno em Meudon, seu avô era professor, ensinou matemática e apresentou a literatura clássica a Sartre. Pelas influencias do avô, pode desenvolver desde cedo o gosto pela literatura. Aos 17 anos começou a manifestar interesse pela filosofia, ingressando na escola normal superior em 1924. Quando anos mais tarde conheceu Simone de Beauvouir, que, embora não tenha se casado com ele se tornou sua grande companheira de vida e trabalho. Como bolsista, passou o ano de 1933 em Berlim, onde teve contato com as idéias de Husserl, Heidegger e Jaspers. Também naquela ocasião, já tendo publicado alguns contos, Sartre trabalhou no ensaio A transcendência do ego e em sua primeira novela A Náusea, que seriam editados, respectivamente, em 1936 e 1938.

      Sartre lecionou filosofia por oito anos, até 1944. Em 1940, na 2ª guerra mundial atuou como meteorologista pelo exército Francês, porém foi captura pelos alemães, e enviado ao um campo de concentração, na prisão Sartre conseguiu aprimorar seu pensamento filosófico em meio a um momento político de guerra, no ano seguinte foi liberado. De volta a Paris, conheceu Albert Camus, com o qual viveu uma grande amizade de cerca de dez anos, terminada por divergências políticas. Em 1943, Sartre publicou O Ser e a Nada, síntese de princípios filosóficos e literários. Em 1945, fundou, com Merleau-Ponty, a revista Tempos Modernos. Em 1952, entrou para o partido comunista Francês, com o qual rompeu em 1956. Em 1964 recusou o Prêmio Nobel de Literatura, dizendo que um escritor não deveria ser convertido em instituição. Além dos títulos mencionados, sua vasta obra inclui As mãos Sujas (1946), A prostituta respeitosa (1946), O Diabo e o Bom Deus (1948), Crítica da Razão Dialética (1960), e As Palavras (1964). Faleceu em Paris aos 74 anos, em 15 de Abril de 1980. “P. 41 revista conhecimento prático/ Filosofia”, Ed, escala educacional nº 34).                   
    
    
     O Filósofo, Dramaturgo, Roteirista de cinema, Ativista político e Biográfico Jean-Paul Sartre após adentrar o universo filosófico é influenciado por grandes nomes da filosofia do séc. 19 como: Soren Kerkegaard( 1813-1855), Arthur Schopenhaeur( 1788-1860), Fíodor Dostoievski( 1821-1881) e Edmund Husserl( 1859-1938). Outra perspectiva é a fama de conquistador de mulheres, um homem que relacionava – se com várias mulheres em lugares diferentes, ele chega a revelar no documentário DEMASIADO HUMANO da BBC, que amava todas as mulheres com quem esteve partilhando o prazer e o conhecimento, mas, uma mulher apenas, o preenchia por completo a escritora Simone de Beauvoir, com que Sartre viveu até o fim da vida. Sartre juntamente com outros filósofos foi o criador do pensamento “existencialista” ou uma filosofia existencialista, que propõe nenhum deus, nenhuma ética, sem moral, e era para ser uma limpeza dos antigos valores seculares, onde deus é substituído por algumas declarações. Segundo Sartre a existência parte do homem só ele é capaz de desenvolver suas ações no mundo e para toda e qualquer interação, apenas ele será o responsável. Para Sartre o Pensamento filosófico começa com o sujeito, seria uma existência no humano, entretanto este pensamento tem pontuações que são de fundamental importância, quando Sartre afirma que: “a existência parte do humano”, ou, seja este homem capaz, mas que possui grandes fragilidades, pois este mesmo homem é livre e condenado ao mesmo tempo. A condenação na qual Sartre pontua é relacionada á escolha, “somos livres, porém, temos medo de realizar nossas escolhas” Seríamos condenados por existir? Somo condenados por que assim que nascemos já estamos dentro de um suposto sistema fechado? 

     Sartre nega toda e qualquer forma de alienação provocada pelas amarras de determinados sistemas pré-estabelecidos como os dogmas, a moral da sociedade, não seria uma simples revolta, mas um olhar para além, do modelo de sociedade Francesa na qual Sartre estava vivenciando, a prisão na segunda guerra, foi um espelho revelador para o pensamento de Sartre.  

    O existencialismo pode ser conceituado como uma corrente de pensamento filosófica e literária que tem suas origens no século 19, com o pensamento de Kierkegaard e sua expressão máxima nas décadas de 1940 e 50, com a análise de Jean-Paul Sartre sobre a filosofia Heideggeriana. Considerando cada ser humano como único, e senhor absoluto de seu destino e de suas atitudes, o existencialismo salienta a subjetividade, a responsabilidade e a liberdade individual do homem, que este só pode esquecer por má fé.

    Para Sartre, esse é um mecanismo pelo qual o homem procura se defender da angústia que a consciência da liberdade provoca. Todavia por meio dessa defesa equivocada, nos distanciamos de nosso projeto pessoal, incorrendo no equívoco de explicar nosso fracassos pela interferência de fatores externos como Deus, o destino, os astros ou a sorte. Nesse contexto, inclusive a teoria do inconsciente, formulada por Sigmund Freud (856 – 1939), era considerada um exemplo de má fé. Podemos dizer que, para os existencialistas, a má fé representava uma forma do ser humano de mentir para si próprio. Para assumir sua completa consciência e autêntica responsabilidade por suas escolhas, é indispensável, portanto, renunciar á má – fé. Ao fazer isso, invariavelmente o homem passa a viver num estado de angústia, mas em compensação retoma, no sentido mais pleno, a condição de senhor de sua liberdade.
p. 38( Revista – Conhecimento Prático/ Filosofia)                  


    O existencialismo ateu, que eu represento, é mais coerente. Afirma que se deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência?Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de inicio, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo.     Assim, não existe natureza humana, já que não existe um deus para concebe – la. O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se concebe após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que chamamos de subjetividade: a subjetividade de que nos acusam. Porém, nada mais queremos dizer senão que a dignidade do homem é maior do que a da pedra ou da mesa.                          
p. 39 ( Revista Conhecimento Prático/ Filosofia – retirado do texto: O Existencialismo é um Humanismo, J.P. SARTRE, Tradução: Rita Correia Guedes)

    Sartre estuda também as relações humanas, o “estar em presença de outros” que representa um dos tributos básicos do ser “para si”. Nesse panorama, destacam – se novamente as angústias e os conflitos, por que o ser humano está condenado a coexistir com seus semelhantes, cuja liberdade acaba constituindo uma limitação e, de certa forma, uma ameaça á sua própria. Enquanto está sozinha, a consciência do homem pode reinar como senhora absoluta de seu destino de usufruir em plenitude de uma liberdade que desconhece barreiras. Isso se transforma radicalmente na presença do outro, cuja subjetividade passa a ser mais uma entre as coisas do mundo.
p. 45( Revista Conhecimento Prático/ Filosofia).
               
    Logo, eu estava no parque público de repente, tive uma iluminação um estalo e ficou tudo claro e cristalino a existência tinha se revelado, ela não era mais uma categoria abstrata e inofensiva. Era a própria substancia e a raiz das coisas.
As raízes, o banco do jardim, a relva escassa, tudo se desvanecia, a individualidade das coisas era apenas aparência um verniz. O verniz tinha desaparecido, eu via massas monstruosas e moles em desordem nuas, de uma assustadora obscenidade.
Se existíamos, era preciso existir a podridão a dilatação, a obscenidade. Em um outro mundo, círculos e árias de música, mantém linhas puras e fixas.

Mas nos atinge somo existentes, incomodados, envergonhados de nós mesmos sem razão de ser, todos nós existentes, confusos meio inquietos, como se fossemos demais e incomodássemos.
    Demais: É a única ligação que estabeleço entre as árvores, as grades, as pedras. E eu lânguido, obsceno acalentando pensamentos tristes, eu também era demais, as árvores flutuavam em direção aos céus, eu esperava que, a qualquer momento, seus troncos cansados se dobrassem até o chão e virasse uma massa só, elas não queriam existir, mas não podiam fazer nada quanto a isso, tinham que continuar, a seiva circulava a contragosto, lentamente as raízes entravam na terra, mas elas pareciam que iriam largar tudo e se aniquilar, cansadas e velhas, as árvores continuavam a existir de má vontade, por serem fracas demais para morrer. Por que a morte só poderia vir do exterior.
    Só acordes de música podem trazer orgulhosamente a morte em si mesmos como necessidade intrínseca.
    “Tudo que existe nasce sem motivo se prolonga por fraqueza e tem um encontro com a morte, o essencial e a contingência, por definição, a existência não é necessária, existir é apenas” estar lá” Os existentes aparece, se deixam encontrar, mas não se pode nunca deduzi – los”.
Tudo é gratuito: este jardim, esta cidade e eu próprio. Quando a gente se dá conta disso o coração fica pesado e tudo começa a rodar.
    Fiquei no banco perplexo, achatado por essa profusão de seres sem origem, por toda parte, desabrochamentos, minhas orelhas fervilhavam de existência, minha própria carne palpitava, pulsava e se abandonava. A germinação universal era repugnante.                          
(Resquício de texto transcrito do filme A Náusea – Jean-Paul Sarte em 24/09/2012)

    “A propósito, o rótulo de existencialista foi aplicado, no Brasil da década de 1940, a personagem-título da marchinha Chiquita Bacana, aquela “lá da Martinica”, que se vestia” com uma casca de banana-nanica... Foi à fórmula bem humorada (e consagrado carnaval de 1949). Que os autores acharam pra falar do tema mais abordado pela imprensa da época: “o existencialismo” que era moda na capital Francesa, onde, desde as vésperas da eclosão da segunda guerra Mundial, grupos de jovens boêmios – “os existencialistas” – costumavam se reunir pra discutir, ouvir jazz e dançar nos cafés e boates do bairro parisiense de Saint – Germain-des-Prés. (P. 38 – Revista conhecimento Prático/Filosofia)

Referencias Bibliográfica para Sartre:

  • Edmund Gustav Albrecht Husserl – Foi um Filósofo e matemático Alemão, nascido em 1859 e cujo nome está associado principalmente a seu pineirismo nos estudos sobre a fenomenologia. Foi demitido da Universidade de Freiburg, onde lecionava, por seu antigo discípulo Heidegger, que ligado ao Partido Nazista, levou em conta a ascendência judaica do mestre. O livro cuja leitura é considerada essencial á compreensão do melhor de sua obra filosófica é Investigações lógicas( 1901). Também escreveu A Crise das Ciências Européias e a Fenomenologia Transcendental( 1936). Husserl morreu em 1938.p. 38
·         Martin Heidegger (1889-1976) sua obra é marcada  pela insistência em apelar para uma radicalização do pensamento metafísico tornou-o um dos filósofos mais célebres do século XX.
À exceção de Ser e Tempo (1927), que ficou inacabado, todos os outros textos de sua autoria foram publicados na íntegra, em língua moderna (alemã) e durante sua vida. Se as teses e idéias de Heidegger são obscuras, isso deve-se a sua maneira hermética de reinterpretar os termos metafísicos, a partir de um retorno à origem helênica da discussão sobre o ser e o pensar. Por vezes, esbarra-se na dificuldade de traduzir o significado de suas palavras e conceitos, devido à interpretação inovadora que ele impõe aos termos das línguas grega e alemã.
                                           
http://www.mundodosfilosofos.com.br/martin-heidegger-o-humanismo.htm#ixzz27RCGwmND

  • Soren Aabye  Kierkegaard – Nasceu na Dinamarca. Aos 17 anos matriculou – se na Universidade de Copenhague, onde durante seus estudos de teologia, concentrou – se mais em matérias como literatura e filosofia. Embora tenha publicado diversos artigos em sua juventude e nos tempos universitários, até 1841, considera – se que sua obra prima Temor e Tremor, de 1843, escrito em sua estadia na Alemanha. Sua vida e obra foram marcadas por conflitos e angústias decorrentes, nos primeiros tempos de seu difícil relacionamento com o pai austero e devoto (falecido em 1838) e do rompimento do noivado. Essa inquietação o levou a desenvolve uma intensiva meditação acerca da existência humana como caminho para transformar a sua. Defendia que “a verdade é a subjetividade” concepção que fez com que avaliasse as relações entre criatura e criador, a partir de sua própria experiência. Segundo ele existência humana passa pelas etapas estética, ética e religiosa, sendo esta ultima (associada ao cristianismo) a mais elevada.
Dentre seus outros livros, pode – se mencionar O Alternativo e Repetição      (ambos de 1843), Migalhas Filosóficas e o conceito de agústia( 1844), As etapas no caminho da vida( 1845) e o Desespero Humano (1849). “ A real natureza do desespero não é saber que é desespero” é uma máxima de sua angustiada filosofia. Kierkegaard morreu na capital dinamarqueza em 1885. p.39          

  • Simone Lucie-Ernerstine-Marie Bertrand de Beauvoir – Nasceu em Paris, em 1908. Formada em matermática, literatura e línguas e filosofia. Aos 21 anos, na universidade de Sorbonne, conheceu Jean-Paul Satre, com o qual viveria uma relação amorosa duradoura, embora não formalizada e sem caráter de exclusividade, permitindo que cada um tivesse outros parceiros. Simone trabalhou como professora em diversas localidades francesas, até 1943.
  • Em seus romances, tais como A convidada (1943), Todos os homens são mortais( 1947), e Os mandarins( 1954), Simone utilizou técnicas e recursos de ficção para introduzir a discussão de aspectos filosóficos do existencialismo. Na condição de escritora polêmica e combativa, elegeu como uma de suas bandeiras de luta prioritárias a igualdade de direitos femininos, sendo bastante conhecida por sua obra O segundo sexo (1949). Outras temáticas desenvolvidas em seus livros foram as questões de natureza ética (Para uma moral de ambigüidade, 1947) os debates sobre política que dominaram seu tempo (A longa Marcha, 1957); ou os problemas sociais, físicos e psicológicos da população idosa( A velhice 1970). Fez parte da primeira equipe de redação de Tempos Modernos, revista que havia sido criada por Sartre em 1945. Simone de Beauvoir dedicou – se também a composição de uma extensa autobiografia. Essa obra de caráter memorialístico pode ser encontrada nos volumes: Memórias de uma moça bem comportada, 1958; Na Força da Idade 1960; Sob o Signo da História, 1963; Uma Morte muito Suave, 1965; Balanço Final, 1972. A autora foi responsável ainda por registrar com grande realismo, em A cerimônia do adeus, de 1981, os últimos anos de vida de seu companheiro Jean-Paul Sartre. Beauvoir faleceu em 1986 n capital Francesa.         

  • Albert Camus – Foi um escritor francês nascido em Mandovi, na Argélia, em 1913. Tendo cursado o ensino oficial francês naquele território africano, trabalhou como professor de filosofia e como jornalista em periódicos franceses. No inicio dos anos 1940, durante a segunda guerra mundial, participou ativamente da resistência francesa sem, por isso abandonar a atividade literária, tendo escrito inclusive o drama Calígula (1941) durante o período de ocupação. A propósito, o clima opressivo da época está refletido também em seu ensaio O Mito de Sísifo(1942), que discute a questão do absurdo.

Em 1945, assumiu a direção do jornal Combat, cargo em que permaneceu até 1947, ano em que publicou sua obra-prima, A peste, uma alegoria em que a França ocupada pelos nazistas foi figuradamente retratada como uma cidade assolada por uma epidemia. (Camus foi grande amigo de Sartre (por dez anos até 1952), quando a publicação de O homem Revoltado, de Camus, provocou um sério desentendimento entre ambos) e sua expressão “humanismo ativo”, falando de um dever do homem de revoltar – se contra o absurdo, remete imediatamente ao existencialismo Sartreano.   Outras obras importantes de sua autoria são o romance O estrangeiro (1942), que, nas palavras do autor, “não seria errado ler como a história de um homem que, sem qualquer atitude heróica, aceita morrer pela verdade”; as peças teatrais o mal entendido( 1944) e Estado de Sítio(1948). Em 1957, Camus recebeu o prêmio Nobel de Literatura. Morreu em 1960, vítima de um acidente de automóvel, próximo a Paris.    


Referências Bibliográficas
SILVA. Sérgio Amaral (matéria) - Revista Conhecimento Prático/ filosofia, nº 34, editora – escala educacional
SARTRE. Jean-Paul, O existencialismo é um humanismo, tradução – Rita correia Guedes
http://jpsartrebrasil.blogspot.com.br/
http://gesuece.blogspot.com.br/   
http://sartrenobrasil2010.blogspot.com.br/
http://fenomenologiaearte2009.blogspot.com/
http://centenariompsb2008.blogspot.com/
http://sartrenefil2010.blogspot.com/
  http://www.mundodosfilosofos.com.br/martin-heidegger-o-humanismo.htm#ixzz27RCGwmND









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