DESCARTES E O PROBLEMA DO CÍRCULO CARTESIANO
INTRODUÇÃO
A proposta deste
resumo é esboçar o pensamento filosófico de René Descartes a partir da obra
intitulada “Discurso do Método”, levando em consideração inicial as questões
ligadas ao problema do Círculo Cartesiano. Desta forma pretendo elencar ao
texto questões fundamentais sobre o filósofo bem como a ideia do círculo
cartesiano e suas contradições.
SOBRE O FILÓSOFO
René Descartes é considerado o pai da
filosofia moderna, seus estudos foram de fundamental importância para o
desenvolvimento das ciências naturais bem como a epistemologia. Dentre as obras
de destaque do filósofo o Discurso do Método, talvez, seja a mais importante,
tendo em vista, que, o pensamento de Descartes vai influenciar e ao mesmo tempo
revolucionar as ciências, em um período marcado pela hierarquia da Igreja Católica.
Descartes propõem um método baseado em uma
perspectiva racionalista, vai mexer com os ideais da igreja a partir do momento
em que coloca a existência de Deus, na perspectiva de uma razão. O racionalismo
Cartesiano pressupõe um ceticismo metodológico, ou seja, “duvidar de todas as
idéias que podem ser duvidadas”.
Partindo do método cartesiano o filósofo
enumerou as questões da seguinte forma: primeiro, vai defender a necessidade de
nunca aceitar coisa alguma como verdadeira sem que conhecesse evidentemente
como tal, a esta perspectiva o chamamos de “Evidencia”. Como segunda idéia ele
vai ponderar a seguinte questão, dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas fosse possível e necessário para melhor
resolve-las, ou seja, questões ligadas a “Análise”.
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René Descartes nasceu no vilarejo de
La Haye, hoje La Haye-Descartes, na Tourine, e, 31 de março de 1596. Fez humanidades
e filosofia no colégio dos Jesuítas de La Fleche, realizou seu bacharelado e
sua licenciatura em direito na Universidade de Poitiers; em seguida, após
algumas viagens cujo pormenor nos é mal conhecido, engajou – se como cavaleiro
voluntário no exercito holandês comandado pelo príncipe Mauricio de Nassau
(1618). DESCARTES. René, Discurso do Método, Martins Fontes, tradução Etienne
Gilson.
Na terceira,
conduzir os pensamentos por ordem, iniciando pelos objetos mais simples e mais
fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco, como por degraus, até o
conhecimento dos demais compostos, a este tópico chamou de “Ordenação” Por
ultimo o filósofo destaca a importância de “Enumerar” tudo o que foi elaborado
de forma completa, para que tivesse a certeza de que nada seria omitido.
SOBRE O CÍRCULO CARTESIANO
Como saber que determinada coisa existe
perante as idéias de um céptico? Como defender a existência de Deus pela razão?
Como garantir que o conhecimento que temos é realmente seguro? Questões como
estas nos fazem refletir e pôr em questão algumas perspectivas da filosofia
Cartesiana.
Baseado em sua metafísica inicial,
Descartes vai aprofundar a existência de Deus a partir da razão, do pensamento
e da reflexão. A capacidade de pensar e o bom senso constituído em todos os
seres vão ser um dos principais motes para a defesa da verdade pela razão. Descarte
descrevia que Deus é um ser perfeito, criador do universo e da natureza,
todavia Deus é por que eu penso nele como tal. O fato de pensar é defendido por
que Deus possibilitou esta capacidade.
Se Deus existe e é perfeito, então não
pode querer que eu esteja enganado acerca da existência do mundo ou das leis da
natureza que Ele mesmo criou; isto porque, se o fizesse, não seria bom, e a
bondade é uma perfeição; logo, o mundo existe, e eu posso conhecê-lo. "Na
verdade, diz Descartes, aquilo mesmo que há pouco adotei como regra, isto é,
que são inteiramente verdadeiras as coisas que concebemos muito clara e
distintamente, não é certo senão porque Deus é ou existe, ser perfeito de que
nos vem tudo o que em nós existe. Donde se segue que as nossas idéias ou
noções, coisas reais que provêm de Deus, não podem deixar de ser verdadeiras na
medida em que são claras e distintas" (Descartes, Discurso do Método, Lisboa, Sá
da Costa, 1982, p. 32).
Penso logo existo? Será? Ou primeiramente
eu existo no mundo enquanto ser e aos poucos vou pensando e compreendendo este
mundo?
"notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era
falso, eu, que assim o pensava, necessariamente
era alguma coisa. E notando que esta verdade — eu penso, logo existo, era tão
firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam
impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da
filosofia que procurava" (Descartes, Discurso
do Método, Lisboa, Sá da
Costa, 1982, p. 28).
A frase de Descarte que inicia este trecho
nos coloca á frente de uma questão fundamental sobre o problema do circulo
cartesiano, o que é levado em consideração é que dentro da problemática do
circulo, fica a dúvida sobre o conhecimento e a definição das coisas,
delimitadas apenas pela razão, a razão aqui, seria questionada pela corrente do
ceticismo filosófico.
A grande reflexão de Descartes é a busca
do conhecimento verdadeiro e seguro pela razão, convencido de que mesmo a
intuição seria um erro, ele parte da racionalidade para definir os conceitos
exatos. Mas como é que eu sei que a minha razão chegará a uma verdade segura?
Será o método por si, atingiria o objetivo? Ou seria necessário duvidar do
próprio método e da razão?
No problema do círculo existe uma disputa
de pensamentos entre a dúvida e a razão, o que se questiona no círculo
cartesiano seria a sua tendência círculo-viciosa a partir de uma razão, ou
seja, a partir de agora não poderei mais questionar que mesmo através de
premissas verdadeiras para se chegar a uma razão final, sempre vai existir uma
possibilidade de erro? . A circularidade sempre será um vício lógico.
O cogito, só por si, dificilmente
poderia constituir um fundamento sólido para o conhecimento. De fato, é a
existência de Deus que garante a Descartes que não se engana quando pensa clara
e distintamente. Mas, por outro lado, parece que Descartes só pode saber que
Deus existe porque compreende clara e distintamente a Sua existência, a
existência de um ser perfeito.
Se este é o argumento de
Descartes, como pensam alguns críticos, então é falacioso, pois se trata de um
argumento circular: para saber que as idéias claras e distintas são
verdadeiras, tenho primeiro de saber que Deus existe; mas, para saber que Deus
existe, tenho primeiro de saber que as idéias claras e distintas são
verdadeiras.
Desta forma
concluo que o pensamento de Descartes tem uma grande contribuição em todas as
ciências, ainda hoje o método explicitado pelo filósofo é aplicado em grandes
áreas das ciências. Todavia penso que o conhecimento dar – se a de forma
compartilhada e numa perspectiva libertária se colocar – mos o método em
questão nos tempos atuais ele desvirtuaria a práxis do conhecimento pelo fato
de ser fechado, pois todo método é fechado.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
DESCARTES. René,
Discurso do método, Martins Fontes, tradução - Etienne Gilson.
DESCARTES. Discurso do Método, Lisboa, Sá da Costa.
http://criticanarede.com/epi_descartes2.html
- acessado em 19/03/2013 ás 21:00.
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