EDUCAÇÃO POPULAR, ESCOLA PERMANENTE DA VIDA
RAY LIMA
Todos Oi!
Bom dia! Prazer! Muito prazer!
Coro 1 Ei!
Você veio?
Coro 2 Vim.
Não está me vendo?
Coro 3 Por
que veio?
Coro 4 Porque
fui informado, convidado.
Coro 1 Convidado
ou convocado?
Coro 2 Que
seja. O fato é que estou aqui.
Coro 3 O
que veio ver aqui?
Coro 4 Mais
conhecimento. Formação.
Fortalecimento
de nossa luta.
Coro 1 Mas
para que mais formação e luta se já
somos
formados e lutamos tanto?
Todos Ui!!
Espere aí. Formação e luta têm
finalidade,
mas não têm fim.
Coro 2 O
que isso quer dizer?
Coro 3 Ora!
Que lutar e aprender é um processo permanente.
Coro 4 E
mais: que nossas práticas podem ser
passíveis
de reflexão, melhoradas, requalificadas.
Coro 1 Como isso pode ser feito?
Coro 2 Na
base da ação, da reflexão e novamente
da
ação. Planejando, repensando, avaliando,
fazendo,
refazendo...
Coro 3 Mas
na prática isso é um sonho.
Todos Sonho,
não. Sonhação.
Coro 4 Sonhação?
MÚSICA No balão,
cirandas
a girar
no céu.
No balão, o abraço
cirandeiro, chão.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, a força
da imaginação,
cirandando giros
de irmanação.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, o sonho
a nos tirar do chão.
Neste sonho, asas
à revolução.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, leveza,
no balão, ação,
amorosidade,
gesto, construção.
No balão, a vida na palma da
mão.
No balão, a vida na palma da
mão
(SOARES; LIMA, 2008).
Coro 1 Pois
é. O Sistema Único de Saúde
e a
educação popular são grandes
oportunidades
já faz tempo.
Coro 2 Oportunidades?
De quê?
Coro 3 De
construirmos uma língua comum.
Queremos dizer: uma nova
cultura
de práticas e saberes
compartilhados e renovados.
Coro 4 Mas
já falamos a mesma língua.
Todos Será?
Como num País deste tamanho
podemos
falar uma só língua?
Impossível!
Coro 1 É
verdade. Há muitos sotaques, dialetos,
linguagens.
Mas o problema não é esse.
É que
falar a mesma língua não significa
apenas
balbuciar as mesmas palavras.
Coro 2 As
Cirandas da Vida e o SUS seriam
formas
de construção dessa língua?
Coro 3 O
SUS é uma possibilidade de nos
organizarmos na diferença e na
diversidade.
A educação popular poderia ser
o espaço de
construção dessa língua?
Todos Pode
ser. Há de ser.
Esse poderá ser o lugar do
encontro:
encontro das ciências;
encontro das vivências e
convivências;
encontro da ação/reflexão/ação;
encontro da superação;
encontro das artes, das
práticas,
das profissões, da
humanização...
Coro 4 Lugar
de nos construirmos também como
gente,
como cidadãos para além dos
cargos,
das corporações, das profissões...
Coro 1 A
educação popular pode ser a nossa LIGAÇÃO de
nós com nós mesmos.
Coro 2 De
nós com a família.
Coro 3 De
nós com o território, com o nosso lugar.
Coro 4 Promovendo
e produzindo socialmente saúde.
Coro 1 Chamando
a população para dançar as Cirandas da Vida.
Coro 2 Transformando
a prática do dia a dia em reflexão permanente.
Coro 3 Em
aprendizagens permanentes.
Coro 4 Em
prática de vida e transformação.
Todos Onde
todos aprendendo a viver, trabalhar e
pensar
juntos possamos dizer:
Coro 1 Eu
não sou você
Coro 2 Você
não é eu
Coro 3 Mas
sei muito de mim
Vivendo
com você
Coro 4 E
você? Sabe muito de você vivendo comigo?
Todos Eu
não sou você
Você
não é eu
Coro 1 Mas
encontrei comigo e me vi
enquanto
olhava pra você
Coro 2 Na
sua, minha insegurança
Coro 3 Na
sua, minha desconfiança
Coro 4 Na
sua, minha competição
Coro 1 Na
sua, minha birra infantil
Coro 2 Na
sua, minha omissão
Coro 3 Na
sua, minha firmeza
Coro 4 Na
sua, minha impaciência
Coro 1 Na
sua, minha prepotência
Coro 2 Na
sua, minha fragilidade doce
Coro 3 Na
sua, minha mudez aterrorizada
Coro 4 E
você se encontrou e se viu, enquanto
olhava
pra mim?
Todos Eu
não sou você
Você
não é eu
Coro 1 Mas
foi vivendo minha solidão
que
conversei com você
Coro 2 E
você conversou comigo na sua solidão
ou
fugiu dela, de mim e de você?
Todos Eu
não sou você
Você
não é eu
Coro 3 Mas
sou mais eu quando consigo
lhe
ver, porque você me reflete
Coro 4 No
que eu ainda sou
Coro 1 No
que já sou e
No que
quero vir a ser
Todos Eu
não sou você
Você
não é eu
Mas somos um grupo, enquanto
somos capazes de,
diferenciadamente,
eu ser eu, vivendo com você, e
você ser você, vivendo comigo
(GROSSI; BORDIN, 1992, p. 29).
Coro 2 Porque,
no sonho que tive,
Coro 3 Quando
olhei para você
Coro 4 Quando
olhei para mim
Coro 1 Vi
que o que tinha dentro
Coro 2 O
que tinha dentro?
Coro 3 O
que tinha dentro?
Coro 4 O
que tinha dentro?
Todos "Era
gente
Era gente ainda
Era gente ainda".
Manchando o chão,
Bocado de molambos molhados
Manchando o chão.
Mas o que tinha dentro
Era gente ainda,
Era gente ainda
(LIMA, 2009, p. 65-67).
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa. Gabinete da Secretaria de Gestão Participativa. De
sonhação a vida é feita, com crença e luta o ser se faz: roteiros para refletir
brincando : outras razões possíveis na produção de conhecimento e saúde sob a
ótica da educação popular / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa, Gabinete da Secretaria de Gestão Participativa. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2012.
252 p. : il.
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