Por Jair Soares
O resultado das eleições para
prefeito/prefeita 2020 nos 5.570 municípios do Brasil, não foi ainda satisfatório
para um sonhado Projeto Político Democrático e Popular, posto ao serviço do interesse público – isto é, do povo, do
bem comum, do bem público – e não, ao serviço de interesses privados das
classes economicamente dominantes.
Ou seja, um projeto que realmente preze pelos
menos favorecidos, pelos trabalhadores e trabalhadoras que sustentam o Brasil e
as regalias das classes mais abastadas e conservadoras da nação. Pelo
contrário, o resultado das eleições municipais 2020, demonstrou mais uma vez que,
as forças políticas conservadoras (partidos de direita, extrema direita e
centro), continuam perdurando e assumindo o poder nos maiores colégios
eleitorais do Brasil.
Tal resultado chama a atenção para
sermos mais vigilantes e continuar o movimento do diálogo com as comunidades,
articulação de territórios, formação política e ação concreta envolvendo os diversos sujeitos do Brasil, rumo à organização de um Projeto
Político Popular realmente democrático e inclusivo. Se pegarmos os resultados
dos 10 maiores colégios eleitorais do Brasil, veremos que mais uma vez, os
partidos de tendência antidemocrática, continuaram a ocupar as diversas
prefeituras do Brasil.
Esses prefeitos/as serão juntamente com
os governadores dos estados, os futuros cabos eleitorais das eleições
presidenciais em 2022. Tal apontamento mais uma vez é digno de preocupação para
a democracia no Brasil. Abaixo temos um exemplo dos resultados finais das
eleições municipais nos maiores colégios eleitorais.
Candidato |
Cidade |
Porcentagen votos válidos |
Partidos |
Tendência
do partido |
Bruno Covas |
São Paulo |
59,38 % |
PSDB |
Surgiu
da combinação entre a social-democracia,a democracia cristã e o liberalismo econômico e social. Foi fundado em 25 de junho de 1988 pelo ex-governador Mario Covas (à época, senador). Seu símbolo é um tucano nas cores
azul e amarela: por esta razão, seus membros são, eventualmente, chamados de "tucanos", e
raramente de "peessedebistas". O seu código eleitoral é o 45. |
Eduardo Paes |
Rio de Janeiro |
64,07% |
DEM |
Partido político brasileiro
de Centro-direita cuja Filosofia política é o conservadorismo-liberal. Foi fundado em 1985 como Partido da Frente Liberal (PFL), fruto de
dissidência do Partido Democrático Social (PDS) por causa das articulações que ao fim elegeram
Tancredo Neves à presidência da República após vinte e um anos do Golpe Militar de 1964 |
Bruno Reis |
Salvador |
64,20% |
DEM |
Idem |
Alexandre Kalil |
Belo Horizonte |
63,36% |
PSD |
O
partido foi concebido a partir de políticos dissidentes do DEM, PP, PSDB, entre outros,
encabeçados pelo então ex-prefeito de São Paulo e
Presidente Nacional do partido, Gilberto Kassab,[15], objetivando
sair da oposição para aderir ao governo petista[16]. Além de Kassab,
o ex-vice-governador de São Paulo Guilherme Afif Domingos, o Senador pelo Acre Sérgio Petecão, o ex-governador de Santa Catarina Raimundo Colombo, o ex-governador
e senador do estado
do Amazonas Omar Aziz, o
ex-vice-governador da Paraíba Rômulo Gouveia integrou o PSD e o deputado federal pelo Rio de
Janeiro Indio da Costa e o
prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues integram o PSD.[15] |
Rafael Grecca |
Curitiba |
59,74% |
DEM |
idem |
David
Almeida |
Manaus |
51,24% |
Avante |
Avante é um partido político brasileiro, fundado como Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) por dissidentes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1989. Seu número eleitoral é o 70 e obteve registro definitivo em 11 de outubro de 1994.[8] Disputa as eleições brasileiras desde 1990. Seu símbolo era um coração. Em outubro de 2020 contava com 211.814 filiados em todo o país.[9] É um partido trabalhista de ideologia nacionalista e social-democrata, centrão. |
Sebastião
Melo |
Porto
Alegre/RS |
55,00% |
MDB |
Fundado em 1980, possui uma orientação política centrista. É sucessor do Movimento Democrático Brasileiro. É o partido também com maior número de prefeitos e vereadores, além de ter a maior representação no Senado Federal. Atualmente é presidido Baleia Rossi que assumiu em 6 de outubro de 2019. Em convenção nacional em 2017, foi renomeado para Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e teve a renomeação aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano seguinte. |
Maguito
Vilela |
Goiania |
52,60 |
MDB |
idem |
Eduardo
Braide |
São
Luís |
55,53% |
Podemos |
Segundo
a Presidente do partido, Renata Abreu, o Podemos não é
de esquerda e nem de direita, mas para a frente, com mais democracia para
juntos decidir o futuro do país.[3] Na análise
clássica das ciências políticas, se define como centro, tanto com propostas
liberais na economia, como de distribuição e renda, quando o assunto é o
desenvolvimento social. |
Marquinho
Trad |
Campo
Grande/MS |
52,58 |
PSD |
idem |
Para muitos que não procuram se
aprofundar e conhecer a história dos partidos políticos no Brasil, uma legenda
como: PSDB, DEM,PSD, Podemos e outras, podem não significar muita coisa. Porém,
quando analisamos a finco a origem dessas legendas e suas diversas ideologias e
orientações políticas, percebemos que fazem parte da chamada velha política
brasileira, composta pelas bases da ditadura militar de 1964, do antigo
liberalismo e do novo liberalismo econômico e principalmente pelo
conservadorismo enraizado nas religiões católicas e protestantes. Sobretudo,
alicerçado nas chamadas igrejas pentecostais que manipulam as mentes das
pessoas fragilizadas socialmente e emocionalmente. Essas pessoas, são alvos fáceis dos deuses vestidos de palitó e gravata que representam esses diversos partidos
conservadores, seja no Brasil e em outros países. A fé é um negócio político e lucrativo, não esqueçamos disso.
Segundo a página do Congresso em Foco, dos 24 partidos que hoje têm representação na Câmara dos Deputados,
12 são aliados fiéis de Jair Bolsonaro. Os deputados dessas legendas votaram de
acordo com a orientação do líder do governo em 90% das votações nominais da
Casa. Com isso, o presidente tem na Câmara 318 parlamentares filiados a
partidos muito próximos de seu governo. Estão neste grupo: PSL, Patriota, DEM,
PSC, Novo, PSDB, MDB, PP, Republicanos, PL, PROS, PSD e PTB.
Percebe-se que os
mesmos partidos que ganharam as eleições municipais, continuam sustentando a
base política do atual presidente da república. Neste sentido, não podemos nos
alegrar com o resultado dessas eleições municipais 2020, achando que as forças
de direita, extrema direita e centrão foram desarticuladas. Pelo contrário,
continuam mais estruturadas e agora, aumentaram seu exército de representantes
estratégicos nas maiores capitais do Brasil.
Desse modo, cabe aqui
uma pergunta muita interessante que surgiu nas Redes Sociais de uma integrante
do grupo de alunos/as da USP, ela fez a seguinte indagação: Por que a esquerda
perdeu em peso nas eleições municipais? A pergunta nos leva a pensar sobre a
falta de um Projeto Coletivo, que pudesse articular às diversas esquerdas no
Brasil, rumo à desmobilização dos poderes hegemonicamente vigentes.
Enquanto os partidos
de esquerda e seus representantes nacionais defenderem seus egos e as fogueiras
das vaidades, os partidos de direita vão se organizando e fechando alianças
cada vez mais fortes e maiores para a manutenção do presente poder. O óbvio
pode parecer vulgar, mas se a partir de agora, final de 2020, não houver um movimento
de construção coletiva das esquerdas no Brasil pensando 2022, teremos mais uma
vez e em pior proporção, o governo que mais representou os interesses privados,
o aumento do desemprego em 14,6% atingindo 14,1 milhões de pessoas, o aumento
das violências e desigualdades sociais, entre outras catástrofes. Por isso,
faz-se necessário um pessimismo político para não adormecermos no paraíso,
achando que essas eleições representaram algum processo de avanço do campo
democrático e popular. Pois eu afirmo para vocês: Não mesmo!
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