MUNICÍPIO, ESTADO E GOVERNO FEDERAL E O DESCASO COM A REGIÃO AMAZONAS


                                                                                                                           Por Jair Soares


Amazonas está localizado na região Norte do Brasil e ocupa uma área de 1.559.146,876 km2. Faz limites com a Venezuela, Roraima, Colômbia, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Peru e Acre. É o maior Estado do Brasil, ocupando mais de 18% da superfície do país. Possui 62 municípios.


A região infelizmente é conhecida pelos diversos problemas relacionados ao desmatamento e as queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o estado já registrou 15,7 mil focos ativos de incêndio, os meses de agosto e setembro costumam ser os mais secos do ano na Região Amazônica. No comparativo dos anos, atrás de 2020 20052015 registrou o terceiro maior índice da história. Foram 13.419 casos. Em quarto lugar, 2019, com 12.676 focos.


Segundo dados do Inpe, a Amazônia é o bioma mais afetado pelas queimadas em 2020. 45,6% dos casos registrados no país durante o ano ocorreram na região. Dados mostram que, de janeiro a setembro de 2020, o número de focos de queimadas registrados é o maior desde 2010. Naquele ano, foram 102.409 pontos, enquanto em 2020, no mesmo período, 76.030.


 Além dos problemas ambientais, a região sofre também com diversos desafios em outras áreas como: a cultural, educacional e social. Como exemplo temos o artigo de Andrade (2018), que descreve por meio de um gráfico os diversos contextos desafiadores da região:



De acordo com Andrade (2018), para uma aproximação e posterior compreensão das representações sociais de problemas ambientais elaboradas pelos 121 protagonistas da pesquisa, optamos pelo processo de associação. Elencamos, portanto, 15 variáveis relacionadas ao tema, as quais perpassam pela questão do desmatamento até as discussões sobre equidade de gênero. Nesse sentido, os dados revelam a existência de um padrão estruturado nas imagens arraigadas nos imaginários sociais dos protagonistas da pesquisa.

Segundo Andrade (2018) em tais imagens os docentes decompõem o objeto da pesquisa - problemas ambientais - em dois ‘conjuntos’: o biofísico e o social. O conjunto biofísico, pontilhado de linha azul, está relacionado aos recursos naturais e às consequências antrópicas presenciadas na realidade. Por sua vez, o conjunto social, pontilhado de linha vermelha, diz respeito às questões sociais que, decorrentes de tais problemas, comprometem a qualidade de vida. Em meio aos dois conjuntos, é possível identificar um ponto de interseção, formado por opiniões que expressam as inter-relações existentes entre tais situações e, portanto, uma compreensão ampla das problemáticas ambientais. Tal interseção releva-se na variável falta de saneamento básico.

A partir do gráfico, percebemos que mais uma vez as questões de saúde pública, mesmo com diversos avanços, aparecem como problema central, isso reflete também o descaso do poder público tanto municipal como estadual em relação a construção de políticas públicas que busquem efetivamente diminuir tais problemas.

Em 2019, com a esperança de mudar o cenário político da região frente as questões de políticas públicas, o estado do Amazonas, bem como a capital Manaus, foram expressivos na votação para a presidência da república, e elegeram como presidente o candidato Jair Messias Bolsonaro (PSL). Atualmente, o representante do executivo federal fundou outro partido e passou a fazer parte do (Aliança pelo Brasil), mesmo afirmando que não possui partido.

 Em Manaus, capital amazonense, Bolsonaro venceu por 65,72%. Ele venceu em outras duas cidades do interior do Estado: Apuí (51,44%) e Guajará (50,48%). Para o executivo estadual, a população do Amazonas escolheu o atual governador Wilson Miranda Lima (PSC) e para o executivo municipal em 2020, os Manaus (capital), escolheu o atual prefeito, David Almeida (Avante).

De acordo com a constituição federal, o poder executivo tem a função de executar as leis já existentes e de implementar novas legislações segundo a necessidade do Estado e do povo. Organizado em três esferas, o Executivo abrange os governos federal, representado pelo presidente da República; estadual, nas figuras dos governadores; e municipal, exercido pelos prefeitos.

Todavia, nos parece que essas três esferas não estão cumprindo com as suas responsabilidades, e que o reflexo de tal feito está sendo evidenciado atualmente com o cenário catastrófico de Pandemia da Covid-19 que em 2020 desembocou numa quantidade alarmante de pessoas infectadas e casos de óbitos. De acordo com o Ministério da Saúde em 2021, a região Amazonas chegou a 223. 360 casos da doença e em relação a mortes, o número chega a 5.930.

Tal cenário configurou-se como um estado de calamidade pública na região, no que diz respeito a área da saúde. Os problemas são diversos, desde a falta de leitos, equipamentos, vagas para atendimento e sobretudo a falta de oxigênio para atender as pessoas que estão com graves quadros de infecção respiratória. Em momentos como esse, o governo estadual e federal deveria somar todos os esforços possíveis para atender da maneira mais ágil possível as demandas relacionadas ao colapso na saúde do estado do Amazonas.

 Entretanto, o governo federal na pessoa do seu ministro da saúde o senhor Eduardo Pazuello, apareceu na imprensa no dia 11/01/2021 pedindo para as pessoas acalmarem os ânimos e ao mesmo tempo, aproveitou para reverenciar o atual presidente. A postura do ministro deveria ser outra, como por exemplo, ser direto no discurso e apontar objetivamente as estratégias de atuação e destinação de recursos para diminuir o colapso instaurado no estado.

Em outra fonte de comunicação, o ministro atribuiu a crise sanitária na região ao clima local de umidade, à falta de infraestrutura hospitalar para atendimento especializado e à baixa adesão às medidas de tratamento precoce recomendadas pelo governo federal, que incluem o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como hidroxicloroquina e azitromicina.

Percebemos que as práticas de administração e gestão da saúde a nível federal, configuram-se como um total descaso com a população brasileira, o governo federal não vem contribuindo de forma alguma para que o quadro calamitoso de saúde do povo amazonense seja revertido. Nesse movimento, diversos artistas e outras categorias de profissionais, estão fazendo eventos, doando recursos, fazendo vaquinhas e outras formas de arrecadar recursos para ajudar a região. Nesse momento, as atitudes solidárias da sociedade civil estão ajudando mais o povo amazonense que o próprio governo de Jair Messias Bolsonaro. É algo lastimável e tamanha irresponsabilidade e descaso com o povo brasileiro. 

Por fim, ressaltamos que o colapso na saúde do estado além de ser motivado pela onda de pandemia da Covid-19 é também o reflexo de uma extrema crise política, seja municipal, estadual ou federal. As escolhas políticas apresentam consequências muito sérias, a população ou a classe trabalhadora mais uma vez é a esfera mais afetada, sobretudo as camadas mais pobres da população. Esses/essas também são alvos fáceis para a manipulação política ideológica, oriunda dos grandes grupos econômicos e de famílias tradicionais que utilizam os mecanismos de comunicação e outras diversas fontes de discurso para alcançarem seus ideais políticos.

Nosso maior desejo é que essa crise sanitária na região Amazonas acabe, e que a pandemia seja controlada para que as pessoas não venham a sucumbir, para isso, é necessário neste momento atitudes políticas efetivas e sobretudo solidárias, para com as nossas irmãs e irmãos amazonenses.

 REFERÊNCIAS

ANDRADE. F.M.Rodrigues de. A Amazônia além das florestas, dos rios e das escolas: representações sociais e problemas ambientais. Revista ambiente e sociedade, volume 21, São Paulo, 2018.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://dc.itamaraty.gov.br/imagens-e-textos/revista4-mat7.pdf>. Acesso em: ago. 2017.

https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/28/no-2o-turno-bolsonaro-vence-em-16-estados-e-haddad-em-11-nas-capitais-placar-e-de-21-a-6.ghtml

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/10/11/queimadas-no-amazonas-em-2020-superam-recorde-de-2005-e-registram-maior-numero-da-historia.ghtml 

 http://www.inpe.br/


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